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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Palácio Nacional da Ajuda Denominação: Tapeçaria Triunfo de Minerva/ Série Triunfo dos Deuses Título: Triunfo de Minerva Autores: Leyniers, Urbanus Orley, Jan Van Coppens, Augustin Local de Execução: Países Baixos, Bruxelas Oficina / Fabricante: Oficina de Urbanus Leyniers Datação: 1728 d.C. - 1729 d.C. Técnica: Tapeçaria de liço Dimensões (cm): altura: 416,5; largura: 386,5; Descrição: Deusa guerreira, Minerva é também a deusa da pacificação, da prudência e da sapiência. A tapeçaria evoca Minerva como divindade protectora da paz e das artes.
Minerva, com o casco emplumado, ostenta na mão direita um ramo de oliveira e tem sob um dos pés um escudo de guerra. À sua direita estão depostos (e destruídos) outros artefactos de guerra. Um cupido quebra uma lança, outro arremete uma tocha acesa a estes objectos bélicos, um tipo de simbologia que não é obviamente inédita e que pode ter um dos seus precedentes na alegoria à Paz de Cesare Ripa.
A dicotomia guerra/paz é, aliás, particularmente evidente observando a composição completa pintada por Van Orley, que integra figuras inexistentes nas tapeçarias: além do já mencionado cupido, inclui o deus Marte amarrado a uma rocha, tendo sobre a cabeça a égide com a cabeça de medusa.
No lado contrário, em primeiro plano, as personificações das artes rendem homenagem à deusa.
Defendendo a paz, Minerva proporciona a abundância, aqui simbolizada pelo ouro vertido da cornucópia.
Em torno das figuras centrais, numa nuvem sobre as suas cabeças, uma figura alada com duas trombetas, a Fama.
A tapeçaria foi dividida em duas partes, tendo sido o fragmento de menores dimensões (inventariado com o número 70) utilizado como entre-janelas na mesma sala, a Sala do Reposteiro do Palácio Nacional da Ajuda.
No fragmento da tapeçaria colocado entre as duas janelas está representada a alegoria à Escultura. É personificada por uma mulher que apoia o braço esquerdo num busto esculpido em pedra, tendo nas mãos a massa e o escopro. Nesta alegoria é visível a referência a Cesare Ripa, que descreve a escultura como uma mulher jovem que apoia a mão direita na cabeça de uma estátua de pedra e tem na outra os instrumentos para o exercício da sua arte.
Neste fragmento figuram ainda uma escultura de grandes dimensões e um relógio com a figura de Saturno. Como pano de fundo estão ilustradas algumas actividades que florescem em tempo de paz, como a agricultura e o comércio.
Cercaduras e orlas:
As cercaduras imitam molduras em madeira entalhada. Reproduzem motivos florais enquadrados por folhagens e são rematadas, nos quatro cantos, por ornamentos em forma de concha e ramos de flores. São contornadas por uma orla castanha.
Incorporação: Transferência - Casa Real
Origem / Historial: A armação "Triunfo dos Deuses", tecida na oficina de Urbanus Leyniers e destinada ao rei D. João V, era constiruída por seis tapeçarias. Destas, só restam quatro.
A aquisição da série, que chegou a Lisboa em 1729, foi intermediada pelo embaixador D. Luís da Cunha.
Sobre este assunto veja-se "Tapeçarias da Casa Real ..." (campo Bibliografia).
A 1ª edição desta armação, tecida em 1717, destinava-se a uma sala do Colégio jurídico de Oudburg.
A série actualmente no PNA deverá ter sido colocada na Sala do Reposteiro cerca de 1862, quando o Paço da Ajuda foi redecorado para receber o rei D. Luís e a rainha D. Maria Pia.
Bibliografia | APNA, Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio Nacional da Ajuda, vol. 1, 1911, pág. nº 7 - C, fls. 6-6v. | MENDONÇA, Maria José de - Inventário de Tapeçarias existentes em Museus e Palácios Nacionais. Lisboa: Instituto Português do Património Cultural, 1983, pág. 134 e 137, cat. 8 | SANTANA, Maria Manuela - Tapeçarias da Casa Real Portuguesa em Setecentos: a Colecção do Palácio Nacional da Ajuda [Tese de Mestrado, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras]. Lisboa,: 2006, pág. XVI | Santana, Maria Manuela, “Tapeçarias do Palácio Nacional da Ajuda: o Triunfo dos Deuses”, Actas do 3º Colóquio de Artes Decorativas, Iconografia e Fontes de Inspiração: imagem e memória da gravura europeia, Lisboa, Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva (FRESS)- Instituo de História de Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2011, ISBN (FRESS): 978-972-8253-54-7; ISBN (IHA): 978-989-95291-5-1. | |
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