Origem / Historial:
"Em Setembro de 2007 três tapetes ‘Salting’ foram identificados no Paço dos Duques de Bragança por dois especialistas em tapetes islâmicos, Michael Franses e John Mills. A passagem destes por Portugal pretendia seguir a pista dada pelo antiquário parisiense, Armand Deroyan, que, alguns anos antes, os havia reconhecido durante uma visita a Guimarães. Os ‘Saltings’ estão actualmente entre os tapetes mais caros e cobiçados pelos coleccionadores mundiais, e as peças do Paço dos Duques constituem o maior conjunto documentado fora do palácio Topkapi em Istambul.
Estes tapetes, como muitos outros objectos, foram adquiridos no âmbito do programa de reestruturação do Paço pelo Departamento dos Monumentos (Comissão para Aquisição de Mobiliário), no final da década de cinquenta. Os três foram comprados aos proeminentes negociantes de têxteis em Londres, Mssrs Perez, que já haviam estado envolvidos na venda de importantes tapetes de colecções portuguesas ao mercado internacional. O conhecimento destes tapetes enquanto peças de grande valor histórico acabou por ser perdido ao longo dos anos com a integração dos três no recheio deste monumento dedicado a história nacional.
A sua redescoberta veio a desencadear um ambicioso projecto de investigação, o qual reuniu uma equipa interdisciplinar composta por historiadores de arte, cientistas da conservação e conservadores-restauradores de têxteis, tendo como principal objectivo o estudo, análise e preservação dos tapetes. Este trabalho de conjunto enriqueceu o entendimento destes objectos e permitiu uma melhor compreensão do seu lugar na História de Arte, contribuindo para o debate que existe em torno dos ‘Saltings’ desde o final do século XIX.
Os tapetes ‘Salting’
A designação ‘Salting’ deriva do nome do famoso colecionador de arte australiano, George Salting (1835-1909) que, em 1909, doou um exemplar particularmente emblemático ao Victoria and Albert Museum em Londres. Até hoje mais que cem tapetes ‘Salting’ têm sidos identificados por Franses e Mills, e outros historiadores, em colecções que se encontram distribuídas desde Teerão, Istambul e Beirute até Paris, Estocolmo e Nova Iorque. Definir o grupo ‘Salting’ tem-se revelado uma tarefa bastante complexa, mas em geral a sua caracterização é baseada principalmente na presença de teia e trama de seda, pêlo de lã, na elevada densidade de nós, cores vivas e ornamentos em fio metálico, além de inscrições religiosas" (descrição de Raquel Santos e Jessica Hallett, in Tesouros Tecidos: três tapetes 'Salting' descobertos no Paço dos Duques).
Este tapete, adquirido em 17 de Março de 1959, à firma «Antiquália, Ldª» para o Paço dos Duques "Esteve previamente na coleção Messrs Perez (Londres), foi referido por Stanley Reed (1967) – contudo não foi incluído no estudo de Franses and Mills (1999) – tendo sido apenas identificado pelo presente estudo. (...) De um modo geral a decoração com este tipo de medalhões só pode ser comparável com quatro exemplares do Hermitage (S. Petesburgo), do Musée Historique des Tissus (Lyon) e do Musée des Arts Décoratifes (Paris)" (descrição de Ana Raquel Martins dos Santos - The discovery of three 'Salting' carpets: science as a tool for revealing their history. Tese de mestrado. Universidade Nova de Lisboa, 2010). (ver documentação associada).