Origem / Historial:
Obra enviada de Paris à Academia Portuense como prova final de pensionista do Estado em Pintura Histórica (1879).
Nesse mesmo ano, Marques de Oliveira concluía uma bolsa na Escola de Belas Artes, em Paris, e regressava a Portugal. Pintura de tema mitológico e realizada em 1879, esta obra é de carácter quase obrigatório para o seu tempo , tendo sido de grande importância uma vez que foi a primeira composição mitológica depois de "Eneias Salvando o Seu Pai Anquises do Incêndio de Troia" (1843) de Fonseca.
Trabalho académico de grande sucesso, o tema da morte de Prócris aqui representado não foi, contudo, aleatório visto que o autor era fascinado pela arte grega, e o domínio romantista na época trouxera de volta os temas clássicos tão retratados em finais do século XVII. Neste pintura denota-se a influência de outros artistas, como é o caso da representação do torso nu de Prócris - influência de Cabanel, mestre de Marques de Oliveira em Paris.
Após a estreia da obra, a pensão do autor foi adiada por mais seis meses e continuou a ser selecionada pela Academia Portuense de Belas Artes para outras exposições (como é o caso da Exposição de Belas Artes de Madrid, 1881). A pintura foi adquirida pelo engenheiro Vasco Ortigão Sampaio ainda em vida do artista e que, mais tarde, este primeiro cedeu para a expor na Homenagem Póstuma de 1929. Quando a obra é exibida, em 1980, na 12ª Exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes (Lisboa) recebe duras críticas de Rangel de Lima, sob a pseudónio de Rapin: «Dos primeiros, o intitulado "Cefalo e Procris" é o melhor, com quanto tenha erros de desenho apenas perdoáveis num artista que principia. Manifestam-se estes erros principalmente na figura de Cephalo (...). A cabeça, o pescoço e o braço do principe são incorretíssimas. Resgata, porém, um pouco este erros a figura de Prócris, cujo peito e cabeça metida em escorço estão bem desenhadas e pintadas. O fundo do quadro prega-se às figuras, o que provem talvez a composição não estar concluída , pois que segundo ouvi, o pintor não a dá como tal» (V.Bib:Assunção Lemos)
Esta obra pertence ao Fundo Antigo do Museu, que a partir de 1839 passou a ser tutelado pelo Museu Nacional Soares dos Reis (antigo Museu Portuense) e pela Escola de Belas Artes do Porto (antiga Academia Portuense de Belas Artes). Em 1932 é feita a partilha do acervo de ambas as instituições.