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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
A 2575
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Escudo
Título:
Escudo de torneio
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Portugal (?).
Datação:
1770 d.C. - 1795 d.C.
Matéria:
Seda natural; linho; cartão.
Técnica:
Seda pintada à mão.
Dimensões (cm):
altura: 63; largura: 53;
Descrição:
Escudo de torneio oval, em cartão, revestido a seda natural de cor crua (anverso) e rosa (reverso), sob forro interno de linho. No anverso, foi pintada uma cercadura fitomórfica em tons de rosa e ouro e, ao centro, a cabeça de Medusa. No reverso existem duas passadeiras interligadas por placa quadrangular, também estas revestidas de seda rosa. O escudo é contornado por cordão de seda de cor crua, fixo ao por meio de pontos de agulha. Na extremidade superior da peça, uma argola de suspensão, de recorte rectangular.
Incorporação:
Afectação Permanente - Paço Real de Queluz. Bens da Coroa.
Origem / Historial:
Nos antigos jogos equestres, a destreza e habilidade dos cavaleiros eram postas ao serviço da selecção dos afamados ginetes hispânicos. A uma função fundamentalmente prática, os jogos associavam um carácter lúdico e de aparato, para o qual concorriam a riqueza e o colorido dos arreios e demais acessórios de cavalaria. Não menos importantes eram as armas utilizadas pelos participantes - lanças, espadas, canas e pistolas -, bem como os escudos, decorados com motivos figurativos e simbólicos que, pelas suas características formais e significado intrínseco, serviam os intentos desta equitação vigorosa e arrojada. Pelas descrições e gravuras coevas, é possível concluir que um dos motivos recorrentes era o da "cabeça da Medusa", usado tanto em escudos como em alvos fixos. O objectivo era idêntico: petrificar o atacante que, num misto de horror e encanto, seria compelido a investir, simultaneamente para abater o adversário (cumprir uma tarefa) e para conquistar o "fruto" apetecido. Esta ambivalência é, de facto, uma constante intemporal, conotada com a mais famosa das três Górgonas. Castigada por Palas Atena, a bela Medusa transforma-se num ser hediondo, com a cabeleira repleta de repulsivas serpentes, mas extremamente poderoso, poder esse que lhe era conferido pelo olhar e que usava sem compaixão contra todos os que, atraídos pelo desconhecido e pela aventura, dela se aproximavam. Apenas Perseu conseguiria enfrentar a pérfida criatura, derrotando-a com as suas próprias armas, ou seja, fazendo reflectir no seu escudo brilhante os olhos da Medusa, para logo a decapitar. O escudo tem, portanto, uma função simultaneamente defensiva e ofensiva, através do qual o herói se apropria da força do adversário, tornando-se invencível. O mesmo duplo sentido pode ser encontrado na representação da cabeça da Medusa em acessórios de torneio e de jogos equestres do século XVIII. Para o cavaleiro que a transporta no seu escudo, a Medusa simboliza a inquestionável supremacia e a certeza de uma vitória fulgurante; ela é o seu aliado na luta, ao mesmo tempo que assegura um combate aguerrido ao produzir um efeito perverso sobre o inimigo, para quem a superação do horror passa, inevitavelmente, pelo ataque. Esta noção de triunfo sobre o aterrador e o misterioso é tanto mais clara quando a figura mitológica surge representada sob a forma de alvo imóvel, pronto a ser trespassado pela cana ou pela lança do cavaleiro, que a encara como a personificação do Mal, da probição e da fealdade.
Bibliografia

Bibliografia

Ilustração Portuguesa, II Ano, nº 96. Lisboa: 4 Setembro 1905, pág. 694

Repartição das Reais Cavalariças - Carros Nobres, Arreios de Tiro e Cavalaria, Aprestos de Torneio,- Catálogo do Depósito I, 2ª ed.. Lisboa: Tip. de "A Editora", 1905, pág. 5, cat. 10

 
     
     
   
     
     
     
 
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