Museu:
Museu Nacional de Arqueologia
Supercategoria:
Arqueologia
Datação:
X d.C. - Idade Média - Contexto Islâmico
Técnica:
Decoração estampilhada e incisa
Dimensões (cm):
altura: 3,5; diâmetro: base: 5; comprimento: 12;
Descrição:
Candil de cerâmica coberto em ambas as faces com esmalte de que se conservam ainda os vestígios de pigmentos verdes. Apresenta base plana de forma circular, depósito troncónico sem colo cujo, papel é desempenhado por um pequeno orifício circular por onde se processa a alimentação de combustível, uma porção do bico de canal e um fragmento de asa. Candil ricamente decorado com motivos estampilhados, aplicados na base e no topo do depósito e com motivos incisos em forma de linhas rectas e oblíquas nas paredes laterais do depósito e do bico. A decoração estampilhada patente na base tem carácter geometrizante. Consiste num motivo floral estilizado enquadrado por uma cercadura que contorna a base. No meio deste motivo floral existe um círculo formado por duas linhas concêtricas que encerram um outro elemento floral mais pequeno colocado no centro. O disco superior ostenta também decoração estampilhada em forma de rosácea estilizada. Pasta alaranjada, homogênea e bem depurada. Contém alguns elementos não plásticos de grão fino a médio.
Diferencia-se substancialmente de outros tipos de candis. Em primeiro lugar, nota-se a ausência do colo cujo papel desempenha um pequeno orifício circular na face superior do depósito junto do bico assim como a decoração estampilhada aplicada em ambas as faces. O depósito tem uma forma troncocónica, sendo o diâmetro da base menor do que o do disco que constitui a face superior do depósito. A asa situada do lado oposto do bico de canal, nos exemplares conservados inteiros, tem uma forma circular com um orifício no centro. Este candil constitui uma exemplificação da evolução do candil islâmico na afirmação das suas particularidades próprias.
A configuração do depósito é bastante próxima do protótipo das lucernas tardo-romanas conservando também o orifício por onde se faz a alimentação do depósito em matéria combustível (azeite), mas mostra já uma evolução da asa que de um mero ornamento se transformou em pega funcional que permite deslocar facilmente a peça. A forma e o comprimento do bico atesta uma outra fase da evolução, apresentando-se já muito prolongado e com um canal fundo de secção em V. A decoração apresenta-se exuberante no topo e também na base executada com a técnica de estampilhagem enquanto lateralmente no depósito e no bico foi aplicada a decoração incisa. Os motivos decorativos têm carácter geométrico. Existem poucos exemplares desta tipologia sendo a colecção mais importante a do Museo Nacional de Arqueologia de Madrid.
Em Portugal, conhece-se actualmente apenas dois exemplares análogos, ambos no acervo do MNA.
O outro candil, nº Inv. 995.19.3, de proveniência desconhecida, foi também oferecido a Leite de Vasconcellos, nomeadamente em Alvor. Ambos apresentam semelhanças notórias no que diz respeito à forma, dimensões e alguns mototivos decorativos que se repetem em ambos. A decoração da base é quase idêntica assim como a decoração incisa aplicada, nas paredes laterais do depósito que forma um padrão igual. Diferem apenas na decoração estampilhada patente na face superior do depósito, ostentando o candil em apreço os motivos geométricos enquanto no outro exemplar surge decoração de carácter zoomórfico, denotando influências orientais.
É plausível que ambos os exemplares sejam oriundos da mesma oficina. Ambos serão certamente peças de luxo importadas, muito provavelmente para um notável de Silves, cidade que na época árabe desempenhou um papel de relevo como importante centro político e económico como ainda se notabilizou nas artes e nas letras tendo a sua população fama de fazer versos e certamente se distinguiu pelos seus gostos requintados.
Incorporação:
Doação - Antiga colecção do Dr. Teixeira de Aragão