Origem / Historial:
Encomenda de D. Fernando II a Sebastião Ferreira de Almeida tirando partido da reutilização de quatro relevos antigos em madeira entalhada. O Diário de Notícias acompanhou de perto a execução desta peça, informando em dezembro de 1865 ter estado o rei “na loja do habilidoso marceneiro da rua dos Poyaes de S. Bento examinando uns bellos baixos relevos de madeira que ali estão a concertar. Junto de Sua Majestade estavam o Sr. Rebello da Silva e outros cavalheiros que passavam quando Sua Majestade entrava no estabelecimento e que por Sua Majestade foram convidados a ver
aqueles primores". Meses mais tarde, em março de 1866, o mesmo jornal escrevia
estar aquele marceneiro “concluindo um magnifico cofre pertencente a el-rei o sr. D. Fernando. No centro do cofre há quatro pequenos quadros com figuras de madeira que representam a Ceia do Senhor, o Lava pés, a Prisão e a Leitura da Sentença. Como objecto de arte estes quadros teem subido valor. O sr. Sebastião é um artista de muito merecimento a quem o rei artista dedica muita estima”. Os registos de despesas de D. Fernando II assinalam, efetivamente, o pagamento naquele mês de 900$000 réis, importância de “um cofre de madeira de nogueira, com baixos relevos tambem de nogueira” (Xavier, 2022: 253-254). Era utilizado como base de expositor, assentando na parte superior (tampo) uma estrutura em madeira e vidro para a colocação de objectos. Figurou na Sala F (D. Fernando II) da Exposição de Arte Ornamental com o n.º 166: "Centro quadrangular de nogueira. Nas quatro faces representa em alto-relevo o Lava-pés, a Ceia, Jesus em casa de Caiphás. Seculo XVII. Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Fernando II". O inventário orfanológico realizado após a morte do monarca, localiza-o na "Biblioteca" do Palácio das Necessidades, com o n.º 321: "Um grande cofre de madeira de carvalho tendo esculpturada em cada frente uma passagem da bíblia em alto relevo, marcado com o número novecentos e trinta e nove. Avaliado na quantia de seiscentos mil reis" (ANTT). Identifica-se igualmente em fotografias daquele compartimento (cf. doc. associada). No reinado de D. Carlos, transitou para a "Sala do Renascimento" do mesmo Palácio onde também se identifica em fotografias da época (cf. doc. associada). Após a implantação da República, foi transferido para o Palácio da Ajuda, tendo dado entrada na Pena em 2004 em regime de depósito.