ESTILO TAPECEIRO, EXCESSOS DECORATIVOS E TOURNURES
A segunda metade do século XIX foi uma época de grande eclectismo nas artes e também na moda, sendo evidente a influência dos estilos de outras épocas. Em 1862, D. Luís I casava-se com D. Maria Pia de Saboia que, habituada à opulência da corte de Turim, trouxe para Portugal o gosto pelo luxo, festas e bailes de máscaras.
No mesmo período verificaram-se vários acontecimentos de carácter político, da fundação de partidos aos conflitos parlamentares, e de carácter cultural, da Questão Coimbrã à iniciativa das Conferências do Casino. A estas últimas estiveram ligados Antero de Quental e Eça de Queiroz, representantes de uma geração que caracterizou a vida intelectual da época.
Em Lisboa, o Passeio Público desaparecia em 1879 para dar lugar à Avenida, lugar de passeio das senhoras e seus acompanhantes e desfile para as toilettes que a pequena burguesia tentava copiar.
TRAJE FEMININO
As senhoras usavam vestidos de duas peças, compostos por corpete e saia, que eram confecionados com tecidos pesados. O espartilho colocado por baixo do corpete manteve-se em voga. A saia usava-se comprida, acumulando drapeados, passamanarias, berloques, fitas, laços, pompons e franjas. Este gosto pelos excessos decorativos foi denominado de estilo “Tapeceiro”.
Contudo, a silhueta característica deste período era dada por uma volumosa armação interior, chamada tournure, aplicada na parte detrás da saia. O traje feminino fortemente marcado por esta armação foi colocado em voga pelo costureiro Charles Worth. Este volume foi sendo mais ou menos acentuado, entre 1870 e 1890, oscilando entre um ligeiro apanhado de tecidos e uma dimensão de proeminente extravagância.
À noite, as senhoras usavam vestidos de veludo, cetim e brocados, com amplos decotes. As caudas eram usadas nos trajes de dia e de noite. Os padrões florais de grande escala eram os preferidos.
Os cabelos apanhados, formavam pequenos caracóis sobre a testa. Até 1885 as senhoras preferiam as pequenas capotas e depois passaram a usar pequenos chapéus. No calçado predominavam as botinas e os sapatos com salto.
Para proteção e para sair, as senhoras usavam as visites, espécie de capa com mangas em évasée, estreitas nos ombros e com aplicação de vários elementos decorativos. Para que assentassem bem sobre as tournures as visites formavam abas na frente e encurtavam atrás.
TRAJE MASCULINO
Durante o dia, os homens citadinos preferiam usar a sobrecasaca ou um casaco curto de corte arredondado. Os casacos assertoados de estilo “marinheiro”, começavam a estar em voga. As cores eram escuras, pois pretendia-se transmitir uma ideia de sobriedade e seriedade.
Para a noite a preferência incidia na casaca e nos momentos de cerimónia no fraque.
Na cabeça continuavam a usar-se cartolas e surgem os chapéus de coco.
Dina Caetano Dimas